Os efeitos do internamento sobre a consciência e a loucura na era clássica.
Tempo de leitura: 8 minutos.
Durante a história da humanidade sempre existiu pessoas portadoras de sofrimento mental, no entanto, os transtornos eram nomeados e tratados de acordo com a época, ou seja, para cada época dava-se um nome e um tipo de tratamento. Em um dado momento, esse indivíduo era tido como um enviado de Deus, um oráculo ou até mesmo um receptáculo de alguma divindade. Em outros tempos, taxados como criminosos, vadios e perigosos para a sociedade, ou ainda, conhecidos por sua “desordem do espírito” derivado de uma condição mental, recebendo nomes de insanos, lunáticos, loucos.
Existe uma tendencia histórica em pensar que essas pessoas passaram a ter reconhecimento de sua subjetividade a partir do século XVII somente após um olhar humanitário com um viés positivista da medicina, no entanto, muito antes de serem alocados nesse estatuto médico positivista, o louco já havia adquirido na idade média algo que poderíamos vislumbrar como uma densidade pessoal, a subjetividade do louco era considerada, não foi necessário o aval da medicina para que se tornasse indivíduo.
Durante a era clássica foi estabelecido apenas um tipo de internamento, sempre destacando a agressividade da pessoa internada, fazendo com que os critérios para a internação fossem extremamente reducionistas, pois nem todas as pessoas em tratamento nas instituições eram “loucas” e muitas vezes não era possível distinguir um louco em um hospital e de um criminoso em uma prisão, pois tamanha era a semelhança entre os dois lugares.
Na verdade, nessas instituições eram internadas todas as pessoas que de alguma forma eram desajustadas socialmente, como os devassos, blasfemadores, libertinos, pessoas com doenças físicas e mentais. Mulheres que possuíam filhos antes do casamento, ou que por algum motivo não se adequavam a realidade familiar, eram internadas no mesmo local de tratamento para os loucos, recebendo castigo e correção para aplacar seu furor, agressividade e produzir o arrependimento de suas ações.
Foram criados hospitais psiquiátricos para receber essa população de loucos, todavia, alguns recebiam os loucos de acordo com sua possibilidade de aderência ao tratamento, e ao identificarem que o louco não tinha possibilidade de cura, era rejeitado pela instituição pela inviabilidade de cura, sendo assim eram aceitos em outros lugares preparados para os “não curáveis”, esses não recebiam os tratamentos adequados e em muitos casos não recebiam tratamento algum, tendo sua condição mental piorada diante de situações sub humanas.
Sendo assim, podemos entender os efeitos do internamento de forma ampla e social ao longo da história da loucura. A atenção sobre o louco muda a cada era passando por olhares místicos, médicos e jurídicos, muitas das vezes uma se chocando com a outra, mas em sua maioria com discussões importantes que fomentam a necessidade de soluções sobre essas “certezas” que acompanham a loucura ao longo do tempo.
Joubert Karpeggiane
Psicólogo - CRP 04/70215
Joubert Karpeggiane
Psicólogo - CRP 04/70215
Fale Comigo
(31) 9 8537 7270
(31) 9 8537 7270
Atendimento
Segunda à Sexta-Feira das: 19h às 22h
Sábado de 8h às 12h
Atendimento com horário agendado.
©Copyright Joubert Karpeggiane - 2023. Todos os direitos reservados.